- Vamos fazer assim, pai : me leva na Alice, espera lá uns 40 minutinhos e depois leva a gente pra Nanda. De lá, passamos num posto para comprar petiscos e aí bora pra festa. Quando eu quiser que você me apanhe, eu ligo, beleza?
- Vem cá, Malu, por acaso você está achando que eu sou seu motorista?
- Arrã.
- Aprende um coisa, minha filha: pais NÃO são motoristas!
- Mas não é legal me levar e me buscar?
- É o oposto de legal. Você acha que eu não tenho nada melhor para fazer?
- Acho.
- Maria de Lurdes!
- Pai, você só me chama assim quando tá bravo comigo. Por favor, leva sua filha linda e espetacular pra festa... Ela te ama tanto...
- Não vem com "eu te amo", que não me convence. Porque você tem que subir na Alice?
- Ela não consegue decidir se vai de saia ou de vestido, ou seja, precisa muito de mim.
- Você não vai subir.
- Não dá pai, tenho que ajudar a Alice. A festa é importantaça, é o lançamento deste livro.
- Que livro Malu?
- O livro sobre a gente ué. Os pais tanto pediram que agora têm um livro só sobre eles; Eu sou fofa de mais, mesmo.
- É maluca demais, isso sim. E mimada demais, porque eu nunca soube dizer não pra você.
- Nunca mesmo. Tanto que os nãos que você não me disse estão no livro. Assim como sua aversão a fraldas e alguns namorados meus. Nossas brigas e diálogos mais legais estão nele.
- Se sou o protagonista do livro, eu tinha que estar nessa festa, não ?
- Você em festa de adolescente? Fala sério, pai! Pai em festa de gente da minha idade é mico.
- Fala sério, Malu!
- Não, pai! Esse livro não existe .
- Mas vai existir. Ah, se vai! E você não perde por esperar!
Thalita Rebouças
Fala Sério, Pai!
ROCCO
Jovens Leitores
