quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A Problemática do Tempo

Estou cansada de falar do tempo, dizendo que o tempo tem o tempo certo para tudo. Não quero aceitar que cada momento dura um tempo e depois vai. Me recuso a viver com pouco tempo, falta de tempo, implorando mais tempo. Tempo. Tempo. Tempo. Isso nos consome demais. Talvez eu faça uma campanha: POR UMA VIDA SEM TEMPO. Não, eu não estou louca. Se você parar pensar talvez concorde comigo quando eu disser que o grande problema da humanidade é o tempo.
Por falta de tempo saímos pouco com os amigos, conversamos menos com nossos pais, cuidamos pouco do nosso corpo, estudamos o mínimo, vivemos menos ainda, desejamos muito mais. Não era para ser assim. Acredito que a problemática desse chato chamado tempo existe dentro de nós. Estamos tão preocupados com daqui a 10 minutos que não aproveitamos os cinco que passamos lendo livros, penteando o cabelo, levando o cachorro para passear, visitando nossos avós.
Sou fiel a teoria de que precisamos viver o hoje e pensar no amanhã. Acredito que devemos construir no presente para cultivar no futuro. Isso é determinação. Talvez, a sociedade do século XXI não esteja tão determinada, e sim, paranoica, alienada com conceitos impostos pela mídia. Eles dizem que precisamos correr ao invés de andar, quebrar acordos, desfazer laços, ignorar tradições porque não há TEMPO suficiente para tal coisa. Bobagem.
O tempo é tão nosso amigo que nos dá o tempo necessário para amadurecer, conquistar, progredir, sonhar e realizar. Ele espera até estarmos prontos e depois recomeça. Seu ponteiro não para, o tic tac é frenético, mas não exigente ao ponto de nos sufocar. Vocês sufocam a si mesmos, diz ele, não eu. Estou no tempo certo, como sempre. Nunca me atraso, nunca adianto. Permaneço neutro e constante.
Verdade é que tudo isso é consequência de nossas escolhas. Quem sabe seja melhor caminhar, dar um passo de cada vez, subir os degraus com cuidado, registrar as lembranças na memória ou no papel, porque depois, quando chegar a hora do tempo ser justo e se esgotar, já teremos vivido o suficientemente bem. Então encerro aqui, pedindo a mim e a você para ir mais devagar e parar de falar no tempo, porque essa história de pensar no tempo, é a maior perda de tempo para qualquer um.


terça-feira, 8 de março de 2016

As Mulheres Quincas Berro D´Água

Olga Benário, Cecília Meireles, Chiquinha Gonzada, Cora Coralina, Filó. Mulheres famosas e anônimas, donas do lar e independentes. Revolucionárias. Como esquecer do valor histórico que essas e tantas outras representam no cenário nacional? Trata-se de uma luta por prestígio profissional, igualdade salarial, respeito social e redefinição de valores. 
A mulher pós-moderna deseja tornar-se independente e ao contrário do que o patriarcado prega, isto não as tornarão menos femininas. Criar cotas para mulheres é tão necessário quanto para negros, indígenas e deficientes. Certamente, essa porcentagem separada para nós - indivíduos marginalizados - não nos tornará inferior a qualquer grupo social. No entanto, seria hipocrisia afirmar que preconceito, descriminação e desigualdade social não existem. As cotas surgem, então, para quebrar correntes.
O cenário da mulher é sujeito a tabus e estereótipos sempre relacionados a sensualidade e sexualidade. Nunca a eficiência e eficácia profissional. É preciso ser um pouco mais como Quinca Berro D´Água que largou a família separando-se do tradicionalismo ao que estava condicionado para iniciar uma nova vida fora dos padrões quadrados. Sim, para as cotas. Sim, para o alto nível trabalhista da mulher. 
Sendo assim, considero a educação a única maneira de vencer esse contexto social tão centralizado. Para tanto, as mulheres devem ser as Quincas Berro D´Água do século XXI abandonando - bravamente - velhas práticas sociais. Felizmente, hoje, o empoderamento feminino não é mais uma questão de escolha, e sim uma necessidade de inserção enquanto ser social. Lutemos!

Feliz dia Mulher! 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Curiosa

Sempre quis saber porque o céu é azul, o mar é imenso, as pessoas são confusas. Na verdade, nem quero saber tanto assim... Dá muito trabalho só de pensar numa justificativa realmente coerente. Mas isso é agora, claro! Aposto que se você perguntar pros seus pais eles irão dizer que você era uma criança curiosa. Criança. Curiosa.
Seria tão bom se todos fossemos curiosos como em nossa infância. A curiosidade nos faz pensar, pesquisar, debater, organizar. É com a curiosidade que recusamos palavras feitas de um político, cantadas baratas de um mau-caráter, bala de um estranho, sucesso ao invés do fracasso. Quero ser sempre assim: mulher com jeito de criança curiosa que desperta para novas descobertas porque adora uma aventura. Assim é mais divertido.
Eles dizem que não podemos passar no vestibular pra medicina porque é muito concorrido, que não podemos ser astronautas porque é necessário muitos anos de estudo e renúncia, que não podemos ser músicos porque música não dá dinheiro, que não podemos ser mães porque os filhos estão cada vez mais desobedientes. Por que? Sério?
Não. Não aceito. O vestibular de medicina está te chamado, você só precisa estudar mais.  Para ser astronauta é preciso passar por uma bateria de testes, sim. São difíceis, eu sei. Mas se não fosse possível não existiriam astronautas hoje. É, talvez música não dê dinheiro mesmo. Quem sabe você seja um musicista infeliz sem um real no bolso, e da mesma forma o dentista, o advogado, o médico, o arquiteto, o engenheiro. Os filhos só desobedecem pais que não sabem educar com amor e firmeza. Ser firme não significa ser grosseiro, e sim sábio o suficiente para preparar esse futuro adulto para se tornar alguém de caráter.
Criança curiosa, não se apegue a esses rótulos bobos, as estatísticas, as pesquisas, os boatos. Cada um constrói sua história do jeito que quer através de escolhas. Se não der certo comece de novo, recomece, mude, inove, cresça. Nunca desista, jamais desanime. Persista. Seja curiosa. Aceite seus dons e aprenda a valorizá-los, encontre em você seu próprio refúgio e não olhe para trás. E quanto a mim? Bom, para provar que sou curiosa, aqui estou eu, arriscando ser escritora na maior curiosidade, assumindo para o mundo todo que sou viciada por palavras e não tenho nenhuma intenção de me reabilitar.


quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O Natal

O Natal dentre tantas festas celebradas ao ano é uma das que mais reúne famílias e amigos. É lindo de ver os avós e bisnetos no mesmo lugar rindo e conversando. É lindo ver as crianças brincando mais e deixando de lado os celulares; os jovens trocando ideias entre si ao invés de se prenderem a conversas frias separadas e unidades pela conexão sem fio. 
Se todo o dia fosse Natal, todo dia seria bom. Na verdade, acho que não. E mesmo sabendo que é feio usar o "eu acho" num texto, vou usar simplesmente porque eu acho que os 363 dias que restam ao ano são completamente diferente do que exibimos em dois dias. Se quer saber, tenho certeza. E claro, salvo as exceções - pra essas, bato palmas - o ser humano está mais preocupado em ostentar do que ser. Preferimos separar do que unir, fazemos inimigos em todos os cantos, no entanto, não cultivamos um único amigo. Provocamos guerra, nunca a paz. 
Será que pelo menos uma vez  o Natal pode ser Natal ao menos tempo em que seu espírito de amizade perdure por longos dias? Ah, como seria bom ver jovens dando lugar a idosos nos ônibus, filhos respeitando os pais, amigos sendo verdadeiros, amores sendo reais, sonhos sendo conquistados pouco a pouco... Talvez, e quem sabe talvez isso seja o Natal: viver todos os dias como se o amanhã não fosse existir e por isso fazer o melhor hoje. 
Que sejamos verdadeiros sempre e que a verdade esteja a frente de nós como uma identidade. Que nos reconheçam pelo nosso caráter, não pela aparência ou classe social. Que as oportunidades sejam iguais para todos, que o sol brilhe em todos os continentes mas não nos faça esquecer que tudo o que desejamos precisa ser conquistado com muito suor e dedicação. Aos verdadeiros, paz; aos falsos? Bom, que se danem. Mas se quiserem recomeçar serão bem-vindos. 
E no final do dia o Natal deixará de ser Natal para dar lugar a harmonia que os filmes tanto enfeitam com solidariedade, felicidade e vontade de fazer o bem. Que sejamos assim, e que assim seja 24 horas por dia, 7 dias por semana, 31 dias ao mês, 365 dias ao ano até nosso último suspiro. 
Feliz Natal!

sábado, 14 de novembro de 2015

O verbo

A diferença entre ser e estar
É o grande abismo entre amar e gostar
O verbo só pode ser ação
Se souberes conjugar

A primeira  pessoa
Eu... amo
A segunda, tu
Não sei
Chamo, meu coração de bobo
Que se apega ao português feito louco
Pra ser sujeito do verbo amar

Existem tantas perguntas
Medos e inseguranças
Bagunças, mudanças
Não me encontro em nenhum lugar

Com papel e caneta
Tento rimar o verbo
Mas não consigo me expressar
O abismo é a linha tênue
Entre o romântico e o vulgar

O futuro do presente me assusta
Tanto quanto o amanhã-depois
Será que tenho escolha?
Será que devo esperar?
A palavra me segura
Mas eu não quero ficar