Sempre quis saber porque o
céu é azul, o mar é imenso, as pessoas são confusas. Na verdade, nem quero
saber tanto assim... Dá muito trabalho só de pensar numa justificativa
realmente coerente. Mas isso é agora, claro! Aposto que se você perguntar pros seus pais eles irão dizer que você era uma criança curiosa. Criança. Curiosa.
Seria tão bom se todos
fossemos curiosos como em nossa infância. A curiosidade nos faz pensar,
pesquisar, debater, organizar. É com a curiosidade que recusamos palavras
feitas de um político, cantadas baratas de um mau-caráter, bala de um estranho,
sucesso ao invés do fracasso. Quero ser sempre assim: mulher com jeito de
criança curiosa que desperta para novas descobertas porque adora uma aventura.
Assim é mais divertido.
Eles dizem que não podemos
passar no vestibular pra medicina porque é muito concorrido, que não podemos
ser astronautas porque é necessário muitos anos de estudo e renúncia, que não
podemos ser músicos porque música não dá dinheiro, que não podemos ser mães
porque os filhos estão cada vez mais desobedientes. Por que? Sério?
Não. Não aceito. O
vestibular de medicina está te chamado, você só precisa estudar mais. Para ser astronauta é preciso passar por uma
bateria de testes, sim. São difíceis, eu sei. Mas se não fosse possível não
existiriam astronautas hoje. É, talvez música não dê dinheiro mesmo. Quem sabe
você seja um musicista infeliz sem um real no bolso, e da mesma forma o
dentista, o advogado, o médico, o arquiteto, o engenheiro. Os filhos só
desobedecem pais que não sabem educar com amor e firmeza. Ser firme não
significa ser grosseiro, e sim sábio o suficiente para preparar esse futuro
adulto para se tornar alguém de caráter.
Criança curiosa, não se
apegue a esses rótulos bobos, as estatísticas, as pesquisas, os boatos. Cada um
constrói sua história do jeito que quer através de escolhas. Se não der certo comece
de novo, recomece, mude, inove, cresça. Nunca desista, jamais desanime.
Persista. Seja curiosa. Aceite seus dons e aprenda a valorizá-los, encontre em
você seu próprio refúgio e não olhe para trás. E quanto a mim? Bom, para provar
que sou curiosa, aqui estou eu, arriscando ser escritora na maior curiosidade,
assumindo para o mundo todo que sou viciada por palavras e não tenho nenhuma
intenção de me reabilitar.